Na Londres da década de 50, a Sra. Harris, uma faxineira amada carismática, apaixona-se por um vestido Dior quando o vê no guarda-roupas de sua patroa. Obcecada pelo vestido de “alta costura”, a Sra. Harris (interpretada pela britânica Lesley Ann Manville) fará de tudo para ter uma assinatura de Christian Dior em seu armário, nem que precise juntar centavo por centavo.
Nas passagens do filme é possível verificar isso: todo o seu “suado” ordenado e contabilizado num caderno. Já comentamos isso em outros posts sobre os diversos métodos ou ferramentas que estão disponíveis para controle dos gastos familiares. Mas no filme, fica claro que a Sra. Harris está acompanhando suas “economias”, ou melhor, sua postergação de consumo. Cada centavo é contabilizado para o tão sonhado vestido. O caderno faz uma alusão ao kakebo que tem como principal vantagem o uso do papel e do lápis, a maneira mais simples de verificar a situação financeira.
É lógico que a trama está recheada de acontecimentos, inclusive quando Sra. Harris decide apostar numa corrida de cachorros. Na verdade ela tem uma pista que o cachorro azarão irá vencer a corrida e aposta suas economias. Graças ao senhor Archie (o que é improvável que ocorra na vida real) a aposta não é feita, ao contrário, por não acreditar em “avisos” o senhor Archie apenas faz uso de uma parte do dinheiro para aposta e, a maior parte do recurso ele acaba recuperando para a senhora Sra. Harris.
Duas lições: não aposte todo seu recurso no cavalo, digo, cachorro azarão e diversifique seus investimentos,
Assim, depois de salvo seus recursos e ao receber uma pensão de falecido esposo a Sra. Harris decide realizar seu sonho. Este contexto do filme é surpreendente uma vez que, quando apresentamos sonhos e desejos bem definidos (sem juízo de valor, por favor) fica mais claro o objetivo e o motivo para postergar consumo e, portanto, formar poupança.
Por tratar-se da década de 50, vale dizer que a Sra. Harris tinha $ 500 em cédulas. cada uma delas economizada com muito sacrifício.
A visita da Sra. Harris de modos simples em meio a um desfile de causa estranheza aos presentes. Afinal, há no filme uma clara distinção de classes. A trama, que é baseada no livro homônimo de Paul Gallico, faz uso de duas figuras para não apenas acentuar, mas também imprimir o antagonismo que tal situação proporciona. O tão sonhado vestido “exclusivo” que iria tirar a Sra. Harris do anonimato e colocar a mesma no centro das atenções.
E já discutimos isso, e continuamos a insistir sobre o papel da “maldição social”. Acabamos gastando o que não temos (no caso da Sra. o que poderia fazer falta) para dizer tem temos dinheiro.
No final, como em todo filme cativante, a Sra. Harris percebe que ela é muito mais que um vestido. Por tratar-se de um filme indicado ao Oscar (melhor figurino), apesar da crítica mais dirigida aos elementos da obra de cinema, não poderia deixar de recomendar pelos aspectos de lições financeiras que estão em todo o filme (principalmente quando a Sra. Harris consegue convencer o senhor Dior que a exclusividade estava impedimento de vender mais peças e faturar mais.)
Espero que tenham gostado, e bom filme,